quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pregadores do fim

Tudo ia bem no século 14, pelos anos 1330. Os reis eram fortes, o comércio ia bem, a religião era poderosa. Tudo apontava para bênçãos e vitórias. Então aconteceu a peste negra, o maior e mais horroroso desastre biológico na história da humanidade. Veio do Oriente, da China e dos Mongóis. Nada deteve o Exército mongol na sua marcha de conquista pelo mundo, exceto a peste. Eles disseminaram a doença.

Pessoas espumavam sangue, caíam de repente na rua e paravam de respirar. Era a peste bubônica, que alguns identificam como causadora da peste negra; e outros, diante de tal tese, discordam. Mas peste era! E atingia budistas, muçulmanos e cristãos. Ia e vinha de todos os lados em navios e grupos de viajantes. Morreram mais de dois terços da população de alguns países. Pelo menos um entre cada três morria da doença.

As pessoas começavam a tossir, a febre subia e, em poucas horas, estavam mortas, vítimas da bactéria Yersinia pestis. Os corpos eram queimados. Poupavam-se as roupas. No entanto, quem levava os espólios nada sabia sobre bactérias, assim vendia a peste sem o saber. As pulgas dos ratos picavam as pessoas e a morte chegava.

Os cadáveres empilhados nas ruas, nos campos e nas Igrejas lembravam um quadro de fim dos tempos. Não faltou quem dissesse que o fim havia chegado, pelas pulgas dos roedores. Para esses pregadores era Deus punindo o mundo.

Hoje, que ouço notícias sobre terrorismo, violência sem fim, bombas atômicas, gripes incontroláveis, dengue, aids e morte que vem pelas aves, ouço também alguns pregadores pentecostais, evangélicos e católicos a dizer que chegamos ao fim dos tempos. Erraram e errarão como os pregadores daqueles dias. Todos os que insistiram em anunciar o fim dos tempos para breve morreram antes, sem terem tido tempo de pedir desculpas pelo medo que espalharam.

Há muitas maneiras de falar de Deus. Essa, embora muito convincente, é a menos conveniente. Jesus não a recomenda. Mandou desconfiar de quem disse que sabe! (cf. Mt 24,6-36)

Pe. Zezinho
Revista Família Cristã, 04/08

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