quarta-feira, 14 de maio de 2008

As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja

Com atraso de um ano, a CNBB aprovou as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja (DGAE) para o período de 2008 a 2010. Este documento deveria ter sido publicado após a Assembléia Geral do ano passado, mas devido à visita do Papa e a realização da V Conferência Geral dos Bispos da América Latina e do Caribe, ficou para este ano – o que faz com que as novas DGAE tragam incorporadas as contribuições da V Conferência e estejam em harmonia com o Documento de Aparecida.

Com relação as DGAE anteriores, no que diz respeito às perspectivas adotadas para a ação evangelizadora, as diretrizes deste ano não apresentam nenhuma novidade, mantendo os três âmbitos de ação: pessoa, comunidade e sociedade. Para cada âmbito são indicados (1) o desafio principal, (2) o cerne da mensagem cristã como fundamento e critério do agir e (3) algumas pistas de ação (DGAE n. 102). O documento está dividido em três capítulos mais a conclusão.

O primeiro capítulo trata da Realidade que nos interpela, onde é feita uma “exposição descritiva que pretende apenas mencionar os elementos de cunho cultural, social, econômico, político, ético e religioso mais marcantes na atual sociedade brasileira” (DGAE n.11).

O capítulo seguinte trata dos Discípulos missionários numa Igreja em estado permanente de missão. Aqui são apontadas as quatro exigências intrínsecas da evangelização: o serviço, o diálogo, o anúncio e o testemunho de comunhão (que também permanecem as mesmas). Tais exigências intrínsecas da evangelização “se operacionalizam pastoralmente pela presença da Igreja nos três âmbitos de ação, que constituem tanto o espaço como as realidades onde o Evangelho precisa ser encarnado: pessoa, comunidade e sociedade” (DGAE n.56). Em seguida é mostrado que após recolher essas exigências, a ação evangelizadora as realizada através do tríplice múnus: Ministério da Palavra, Ministério da Liturgia e Ministério da Caridade. Nesse capítulo também é dado destaque à questão da vocação, da formação e da espiritualidade dos discípulos missionários.

O terceiro capítulo apresenta as Pistas de ação para a missão evangelizadora. Como já foi dito, para cada âmbito de ação é apresentado um desafio principal. O primeiro âmbito, que é a pessoa, tem como o desafio a construção da identidade pessoal e da liberdade autêntica na atual sociedade. Cada ser humano é dom de Deus, e a nossa fé cristã nos ensina que “a dignidade do ser humano tem sua raiz mais profunda no próprio Deus” (n.103). Assim é preciso que cada pessoa seja respeitada, reconhecida e valorizada em sua liberdade, autonomia, responsabilidade e dignidade, em todos os setores a que pertence (família, mundo do trabalho, comunidade) e em todas as etapas da sua vida (infância, adolescência, juventude, fase adulta e velhice).

O segundo âmbito trata da comunidade e o desafio a ser enfrentado é a fragmentação da vida e a busca de relações mais humanas. “A fraternidade cristã é aberta e quer acolher todos os seres humanos, sem fazer discriminação. (...) Todas as pessoas, indistintamente, são convocadas à vida de fraternidade e comunhão” (n. 151). A Boa-Nova do Reino de Deus quando inspira a experiência comunitária, impele que a união e a fraternidade sejam assumidas em todas as instâncias da vida.

O desafio do terceiro âmbito o escândalo da exclusão e da violência na sociedade consumista nos interpela à realização da solidariedade. “O compromisso social tem sua raiz na própria fé. O interesse autêntico e sincero elos problemas da sociedade nasce da solidariedade para com as pessoas e do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo” (n. 178). A pobreza, a fome, a justa distribuição de renda, a segurança, a violência, a política, a corrupção, a educação, o crescimento urbano, os excluídos pela sociedade, tudo isso requer uma atenção especial da Igreja.

Por fim, a conclusão: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Interpelada pelas palavras do apóstolo Paulo, e inspirada pela Conferência de Aparecida, a Igreja no Brasil assume o compromisso com a Missão Continental: “A Igreja presente em nosso país tem, a partir da convocação de Aparecida, a grande chance de convidar todos que se unem na mesma fé em Cristo para contribuírem, de maneira única e insubstituível, para a unidade, a fraternidade e a paz entre os povos e países do Continente” (n. 213).

B.M.

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