sábado, 3 de abril de 2010

Legionários de Cristo reconhecem abusos sexuais cometidos pelo seu fundador

Os responsáveis máximos dos Legionários de Cristo admitiram em comunicado que o seu fundador, Pe. Marcial Maciel, cometou abusos sexuais sobre seminaristas menores, pedindo desculpa por não ter ouvido os seus acusadores.

Num comunicado divulgado a 25 de Março, os responsáveis dirigem-se “a todos aqueles que tenham sido afetados, feridos ou escandalizados com as ações reprováveis do nosso fundador, o Pe. Marcial Maciel Degollado”.

Essas ações, pode ler-se, “incluíam atos de abusos sexuais de seminaristas menores”. “Profundamente consternados, devemos dizer que estes fatos aconteceram”.

“Levou tempo para assimilarmos estes fatos da sua vida. Para muitos – especialmente para as vítimas – este tempo foi excessivamente longo e doloroso”, reconhece o documento.

Os Legionários de Cristo reconhecem que “nalgumas ocasiões não pudemos ou não soubemos ir ao encontro de todos como era necessário e como, de fato, era o nosso desejo”.

Em 2006, após a análise das acusações, que datavam de 1998, a Congregação para a Doutrina da Fé, sob a orientação do novo Prefeito, Cardeal William Levada, decidiu “tendo em conta a idade avançada do Pe. Maciel, bem como a sua precária saúde – renunciar a um processo canônico e convidar o Padre a uma vida reservada de oração e penitência, renunciando a qualquer ministério público”.

A nota oficial assegurava que a decisão surgiu após um “maduro exame”, iniciado quando o atual Papa ainda era Prefeito do referido Dicastério.

Os Legionários de Cristo admitem agora que o seu fundador “teve uma filha resultado de uma relação prolongada e estável com uma mulher e outras condutas graves”. Posteriormente, “apareceram outras duas pessoas, irmãos entre si, que afirmam ser filhos dele, fruto de uma relação com outra mulher”.

“Desaprovamos estes e todos os atos contrários aos deveres de cristão, religioso e sacerdote na vida do Pe. Maciel e afirmamos que não correspondem ao que nos esforçamos para viver na Legião de Cristo e no Movimento Regnum Christi”, conclui a nota, disponível em português no Site Oficial.

Fonte: Agência Ecclesia

Um comentário:

Anderson Pontes disse...

Preciso dizer que não deixo de me surpreender com essa declaração.

Como membro espiritual do Movimento Regnum Christi, sinto-me envergonhado pelo pré-julgamento formulado por mim e por todos os outros que caminhavam comigo contra aqueles que foram vítimas dos abusos e gritavam de todas as formas possíveis por justiça.

De toda forma, é impossível também negar que, apesar de todas as fraquezas de caráter do Pe. Marcial Maciel, Deus pôde erguer uma obra que fez e continua fazendo muito bem pela Igreja. Este prejuízo que agora veio à tona não apaga todo o bem feito, apenas ofusca - de forma vergonhosa, mas apenas ofusca.

Fica a lição de que seguimos a Cristo, e não aos homens. Aqueles que puseram Nele, Nosso Senhor Jesus Cristo, a sua confinça, não ficarão confundidos.