quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ordenação episcopal de mulheres na Comunhão Anglicana, obstáculo para unidade

Comunicado do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos
Por Kathleen Naab/Jesús Colina
Cidade do Vaticano, terça-feira, 8 de julho de 2008 (ZENIT.org).

A decisão da Igreja da Inglaterra de abrir o caminho para a ordenação episcopal de mulheres constitui um obstáculo para a unidade com a Igreja Católica, declara a Santa Sé.

Na segunda-feira, uma votação após quatro horas de debate no Sínodo geral da Igreja da Inglaterra estabeleceu que «o desejo da maioria [do Sínodo] é que as mulheres sejam admitidas no episcopado». O Sínodo prevê medidas particulares para quem se opõe a esta decisão, ainda que estas medidas ainda não tenham sido definidas.

O Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos comentou o voto nesta terça-feira, através de um comunicado.

«Recebemos com pesar a notícia do voto da Igreja da Inglaterra que abre o caminho à introdução da legislação que leva à ordenação de mulheres no episcopado», diz o Conselho vaticano, cujo presidente é o cardeal alemão Walter Kasper.

O organismo vaticano recorda que «a posição católica sobre esta matéria foi expressa claramente pelo Papa Paulo VI e pelo Papa João Paulo II. Uma decisão assim significa uma ruptura na tradição apostólica mantida por todas as Igrejas do primeiro milênio e, por este motivo, um ulterior obstáculo para a reconciliação entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra».

O Conselho reconhece que «para o futuro, esta decisão terá conseqüências para o diálogo, que até agora havia dado bons frutos, como o cardeal Kasper explicou claramente ao dirigir-se, em 5 de junho de 2006, a todos os bispos da Igreja da Inglaterra por convite do arcebispo de Canterbury».

O cardeal voltou a ser convidado pelo arcebispo a apresentar a posição católica na próxima Conferência de Lamberth, no final de julho.

A Conferência da Comunhão Anglicana, uma reunião que acontece a cada 10 anos, será realizada de 16 de julho a 4 de agosto. Nesse encontro também se discutirá sobre a nomeação de bispos homossexuais e sobre o matrimônio homossexual.

Líderes anglicanos convocaram uma reunião em Jerusalém, no mês de junho passado, para discutir sobre o que eles chamaram de pregação de um «falso Evangelho» sobre a moral sexual.

Decidiram permanecer na Comunhão Anglicana, que reúne cerca de 77 milhões de fiéis no mundo, mas formar um conselho separado de bispos, a Conferência Anglicana Global Futura. Alguns desses representantes anglicanos estão pensando em boicotar a Conferência de Lambeth.

A edição de «L’Osservatore Romano» em italiano de 9 de julho cita especialistas em anglicanismo para afirmar que, no futuro, o diálogo entre os católicos e os anglicanos encontrará novas dificuldades «em parte por causa da evidente falta de unidade no interior da própria Igreja da Inglaterra».

De fato, segundo este artigo, assinado por Roberto Sgaramella, a surpresa não foi o voto favorável à ordenação episcopal de mulheres, e sim o fato de que a maioria não tenha dado sua disponibilidade para encontrar uma solução para quem se opõe a esta decisão.

«Tudo isso poderá criar profundas crises de consciência para esses bispos, esses pastores e fiéis que estão contra a ordenação de mulheres. Não se pode excluir, de fato, que certo número dessas pessoas que sofrem uma crise religiosa possa encontrar a solução a seus problemas espirituais com uma adesão à Igreja Católica ou a outras confissões cristãs», afirma o jornal vaticano.

«As atuais dificuldades de diálogo entre a Igreja de Roma e a Igreja da Inglaterra não devem nunca desanimar os cristãos de rezar a Deus e a atuar em favor da plena unidade», conclui.

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