O conclave teve início às 16h30 de sexta-feira, 25 de agosto, e se concluiu 26 horas depois, com a escolha do Cardeal Luciani. Foi, depois de 1939, o conclave mais rápido do século XX. Às 19h19 de 26 de agosto, se erguiam as cortinas do balcão central da basílica vaticana, e o Cardeal Pericle Felici pronunciava a fórmula latina "habemus papam".
Dois dias antes, o Cardeal Albino Luciani escrevera à sua sobrinha, Pia: "Não sei quanto tempo durará este conclave. É difícil encontrar a pessoa apropriada para enfrentar tantos problemas que são cruzes muito pesadas. Felizmente, não corro riscos..."
Mas corria... de fato, poucas horas depois, diante dos cardeais que se inclinavam em sinal de submissão, diria: "O que vocês fizeram? Que Deus os perdoe!"
Mas a escolha não o encontrou despreparado. Estava ali, a começar pelo nome - João Paulo I: inédito - pronto para unir, simbolicamente, os pontificados dos dois pontífices do Concílio Vaticano II - João XXIII e Paulo VI - numa síntese original, nascida de uma perspectiva muito pessoal.
Essa perspectiva pessoal se confirmou logo no início do pontificado: manutenção da estrutura curial, renúncia à coroação, à tiara e à sede gestatória, assim como sua solicitação para que fossem suspensas as formalidades da audiência aos cardeais com mais de 80 anos, que não haviam participado do escrutínio, e que deveriam prestar voto de obediência ao novo pontífice.
Um pontificado iniciado com tais auspícios prometia deixar uma marca indelével na história da Igreja. Uma promessa que, todavia, não teve tempo suficiente para se concretizar. Foi brutalmente detida na noite de 28 para 29 de setembro, com o seu precoce falecimento.
Mas o breve e saudoso pontificado de João Paulo I não deixou apenas o seu sorriso franco e sincero, aberto ao mundo. Assinalou o início de uma transformação. Aqueles 33 dias bastaram para que Albino Luciani inaugurasse uma imagem de pontífice liberada de entraves e formas protocolares, a começar pelo uso simples e direito do "eu", no lugar do habitual plural majestático, e prosseguindo com seus discursos improvisados, que deram ensejo a não poucas preocupações nos âmbitos curiais.
Papa João Paulo I reafirmou continuamente e com humildade, a essencialidade da mensagem evangélica, com referências contínuas à pobreza e ao correto uso da propriedade privada. (AF)
Fonte: Radio Vaticano
http://www.radiovaticana.org/bra/Articolo.asp?c=226708
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