domingo, 27 de setembro de 2009

Pode um político ser santo?

Conclui a fase diocesana do processo de beatificação de um político: Igino Giordani, que também foi escritor, jornalista e co-fundador dos Focolares
Roma, quinta-feira, 24 de setembro de 2009 (zenit.org).


Em 27 de setembro concluirá em Rocca di Papa, localidade próxima de Roma, a fase diocesana do processo de beatificação do político italiano Igino Giordani, que teve papel importante ao lado de Chiara Lubich na fundação do Movimento dos Focolares. O processo de Giordani (Tivoli, 24 de setembro de 1894 – Rocca di Papa, 18 de abril de 1980), que também foi escritor, jornalista e diretor da Biblioteca Apostólica Vaticana, passará à Congregação para as Causas dos Santos da Santa Sé.

Pode um político ser santo? É a questão que Igino Giordani propõe quando, em 1946, Alcide De Gasperi, fundador da Democracia Cristã e um dos pais da Europa, também em processo de beatificação, lhe convence a participar das eleições políticas.

O anseio de santidade havia se acendido nele já aos 22 anos, no leito de um hospital militar, vítima da primeira guerra mundial. Após a segunda guerra mundial foi um dos pais da Constituição Italiana e parlamentar como “serviço social, caridade em ato”. Valente defensor da paz, considera a guerra “uma operação contra o povo, que despreza a liberdade, a democracia”, segundo explica o Movimento dos Focolares no anúncio do encerramento do processo diocesano.

Precedentemente, por suas duras intervenções contra o fascismo, vive “no desterro civil e político”: é expulso do registro dos jornalistas e privado do ensino.

“Ou a Europa se une, ou a Europa perece”, escreve nos anos cinquenta, quando era membro do primeiro Conselho dos Povos da Europa. Desde os anos vinte havia proposto o nascimento dos Estados Unidos da Europa.

Foi diretor de vários jornais, escreveu uma centena de livros e mais de 4 mil artigos de fundo político, cultural e religioso. Intelectual de destaque do catolicismo italiano, estudioso dos Padres da Igreja, foi pioneiro do Concílio Vaticano II, especialmente pelo que se refere aos temas do laicado e do ecumenismo.

Em 1948 sua vida deu uma volta ao encontrar-se com Chiara Lubich, que em 1943 havia dado vida a um novo Movimento na Igreja: os Focolares, acendendo nele uma “revolução na alma”. Encontra o que havia buscado durante muito tempo: “o mundo leigo da vida mística”. Seu caminho solitário se torna comunitário.

Giordani, por sua parte, dá uma contribuição importante ao desenvolvimento do carisma da unidade dos Focolares no campo ecumênico e para a renovação do mundo da família, da política e de diversos âmbitos da sociedade. Até o ponto de que foi considerado por Chiara Lubich como um dos co-fundadores do Movimento.

A fase diocesana do processo foi concluída depois de 5 anos de trabalho, com 2.500 páginas das atas do processo. Os teólogos censores examinaram 98 livros e mais de 4 mil artigos; os peritos em história, 120 arquivos de escritos inéditos, constituídos por mais de 60 mil páginas. Tem-se, também, documentação de mais de 50 graças recebidas por intercessão de Giordani. Entre estas o postulador da causa elegerá a que deve ser submetida ao juízo da Igreja para certificá-la como milagre.

A abertura da causa aconteceu em 6 de junho de 2004, na catedral de Frascati, diocese onde Igino Giordani faleceu. A cerimônia da fase diocesana conclusiva acontecerá no Centro internacional dos Focolares de Rocca di Papa, em cuja capela se conservam os restos de Giordani e de Chiara Lubich. O recém-nomeado bispo de Frascati, Dom Raffaelo Martinelli, presidirá, às 16h30 (hora italiana), o ato jurídico, que será precedido pela intervenção da atual presidente dos Focolares, Maria Voce.

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